segunda-feira, 13 de julho de 2015

sem título

nada é pior que uma fera
ferida por um cão.

a ferocidade vem sempre ao de cima
da fidelidade numa solução.
como a verdade.

a voragem é sempre humilhada
na sujeição.

nada é pior do que um uivo
de perda à lua nova
a não ser a fera perdida
no deserto do abandono
que é mais árido do que a rima
de perecer com falecer.

e nada, contudo é mais tudo
que não saber para onde ir.
ainda que brilhe o luar.

o mais estranho dos verbos
é não saber para onde ir depois de ter vindo de outro lugar.

quinta-feira, 9 de julho de 2015

sem título

tudo era um sonho, ainda difuso, quando o ar da manhã entrou no quarto após ter pensado em tomar um café mas ter-me limitado a abrir a janela. não há corpos habituais nos meus lençóis nem odor na casa que é minha apesar de nada ter meu. a falta que me fazes hoje era-me absolutamente desconhecida ontem.
um naufrágio durante a noite desgrenhara-me até à alma. 
os raios do sol entravam ainda frescos pela janela aberta e o teu cabelo brilhava na cama mesmo ao meu lado. a realidade era afinal o sonho e eu não fui tomar café.